O verde e o Green Building na realidade brasileira

Partindo da premissa de regionalização do edifício verde, precisamos atentar mais em como ele pode minimizar os problemas ambientais de nossas cidades.

O verde e o Green Building na realidade brasileira

O verde nos prédios

No século passado o Brasil passou de um país rural para urbano.

Muitas cidades incharam e receberam milhões de novos habitantes, resultando em fenômenos como São Paulo, que se tornou uma das maiores metrópoles do mundo.

Infelizmente, para a maioria das cidades brasileiras, não foi possível que a infraestrutura urbana acompanhasse essa velocidade e surgiram diversos problemas crônicos que acarretaram em prejuízos para a qualidade de vida da população.

Exemplo comum são as áreas verdes ou mesmo de lazer na malha urbana. Historicamente, as políticas públicas sempre colocaram essa questão como secundária.

Assim foram com os terrenos deixados em loteamentos reservados para praças e parques e que receberam equipamentos públicos como escolas e hospitais, que poderiam ter tido terrenos específicos para esse uso sem tal sacrifício.

Outro exemplo foi o aumento expressivo do número de veículos automotores privados a partir dos anos 1950, com intensos investimentos em novas vias que ocupavam preferencialmente as áreas verdes mais fáceis de apropriação pelo Poder Público – e o escasso investimento em transporte público de massa, como o metrô.

O resultado nas primeiras décadas desse século são metrópoles áridas e com sérios problemas ambientais.

A maior cidade brasileira, São Paulo, conta atualmente com apenas 2,6m² de áreas verdes por habitante, quando o preconizado pela ONU são 12 m².

Essa falta de vegetação tem sua principal consequência na saúde publica, principalmente no que se refere à qualidade do ar, que costuma atingir limites críticos de poluição nos meses mais secos do ano, como junho, julho e agosto.

Mas frente a essa complexa realidade ambiental urbana, como estão posicionados os edifícios sustentáveis, os denominados green buildings? A impressão é que ainda não conseguimos valorizar e integrar o potencial de incremento de áreas verdes de um edifício sustentável para o benefício das metrópoles e sua urbanização caótica na realidade brasileira.

Para o Brasil, prever a funcionalidade, quantidade e composição das áreas verdes de um empreendimento devem ser premissas tão importantes como a eficiência energética ou consumo de água pelo edifício.

Primeiramente, o terreno original onde se assentam parte importante das capitais brasileiras era, no passado, locais de grande biodiversidade de fauna e flora, que ao longo da história foram sendo suprimidas sem maiores preocupações.

Para piorar, o pouco verde aplicado na arborização urbana e paisagismo era e está sendo realizado principalmente com espécies de origem estrangeira por motivações culturais.

Atualmente pode-se estimar que cerca de 80% da vegetação urbana no Brasil é exótica, fato grave que culminou em extinções em massa de fauna e flora no país com a maior biodiversidade do mundo.

Além de considerarmos o patrimônio da biodiversidade, outra questão importante é a falta histórica de espaço disponível para receber novas e necessárias áreas verdes.

Nossas calçadas são normalmente muito estreitas, e geram uma constante briga entre as poucas árvores, fiação aérea em postes, pedestres e demais equipamentos urbanos, colaborando para problemas como as famigeradas “ilhas de calor”.

Esse problema é tão drásticos que estudos mostram uma diferença de temperatura de até 12º entre um bairro bem arborizado e outro no mesmo dia e horário, nas capitais. Outra questão é a dificuldade em transitar nas calcadas, o que agrava o problema da mobilidade urbana.

Partindo da premissa de regionalização do edifício verde, precisamos atentar mais ao que esse edifício pode oferecer para minimizar esses problemas ambientais crônicos de nossas cidades. Nesse sentido, são duas as diretrizes fundamentais: o aproveitamento das áreas verdes em potencial e a biodiversidade nativa regional.

A boa notícia é que temos no Brasil ferramentas e tecnologias para recobrir superfícies edificadas com vegetação. São os telhados e paredes verdes, sistemas que permitem jardins leves, pouco espessos e duráveis em diferentes situações construtivas.

Tais sistemas, se bem adaptados para a vegetação nativa regional e utilizados com máxima densidade, podem proporcionar serviços ambientais muito eficientes, indo além de apenas reduzir a temperatura ambiente, como é o caso das tintas refletivas.

Umidificação do ar, filtragem de poeiras e poluentes, redução de barulho, formação de nichos ecológicos e novos espaços de lazer são alguns dos benefícios.

Outro tema importante para os green buildings brasileiros é o projeto de paisagismo.

Além de ocupar a maior área possível do empreendimento ele deve ajudar no reestabelecimento das funções ecológicas. Isso é obtido com a pesquisa bibliográfica e de campo da vegetação nativa original do terreno e região, para uma especificação e desenho cuidadosos visando à funcionalidade ambiental, e não apenas a estética.

E se possível, os jardins no térreo devem se tornar em praças franqueadas ao desfrute público.

Também não se deve esquecer dos cuidados com as calçadas em frente ao edifício.

Esses espaços precisam ser readequados normalmente nas cidades brasileiras, auxiliando eficientemente na drenagem e recebendo uma boa arborização com árvores do maior porte possível em harmonia com as estruturas próximas, de forma a permitir um sombreamento que traga maior conforto ao pedestre conciliando a necessidade de vegetação urbana e acessibilidade.

No Brasil, diferente de cidades em países desenvolvidos, é muitas vezes a iniciativa privada que faz a função do Poder Público, tanto para minimizar os impactos como para auxiliar na sustentabilidade da malha urbana.

Esse investimento na maior riqueza do país, nossa biodiversidade, é o que realmente diferenciará um edifício green building daqueles que se preocupam apenas em pontuar.

Demonstrará a real intenção de promover cidades mais humanas, mais verdes e com as estratégias de sustentabilidade realmente necessárias para nossas cidades.

Fonte: revistagbcbrasil.com.br

Confira em nosso site as melhores ofertas de imóveis à venda.

Leilão de Cepacs evidencia interesse na Faria Lima, mas concorrência modesta revela limites do mercado

A cidade de São Paulo realizou recentemente o maior leilão da história da Operação Urbana Consorciada (OUC) Faria Lima, vendendo quase 95 mil Cepacs (Certificados de Potencial Adicional de Construção). O montante arrecadado chegou a R$ 1,6 bilhão, valor expressivo que reforça o interesse de investidores pela valorizada região da Faria Lima. No entanto, por […]

Continuar lendo
Leilão de Cepacs evidencia interesse na Faria Lima, mas concorrência modesta revela limites do mercado

Cidade Center Norte: megaprojeto de R$ 7,7 bilhões em São Paulo

A Zona Norte de São Paulo está prestes a receber um dos maiores empreendimentos imobiliários já realizados na cidade, a Cidade Center Norte. O projeto do grupo Baumgart promete transformar uma área de 600 mil metros quadrados em um bairro planejado completo, reunindo moradias, escritórios, lazer, saúde e educação.  Com um investimento estimado em R$ […]

Continuar lendo
Cidade Center Norte: megaprojeto de R$ 7,7 bilhões em São Paulo

Faixa 4 do Minha Casa Minha Vida ainda não deslanchou; veja os motivos

A faixa 4 do Minha Casa Minha Vida foi criada em 2025 para ampliar o acesso da classe média à casa própria, oferecendo condições especiais de financiamento. O programa faz parte de uma das principais promessas do governo Lula e busca atender famílias com renda de até R$ 12 mil, permitindo a compra de imóveis […]

Continuar lendo
Faixa 4 do Minha Casa Minha Vida ainda não deslanchou; veja os motivos

Crescimento populacional impulsiona mercado de residenciais para idosos no Brasil

Os residenciais para idosos ganham força no Brasil em meio a uma transformação demográfica significativa. Até 2030, o número de idosos com mais de 60 anos deve ultrapassar o total de crianças com até 14 anos, conforme estimativas do IBGE. Essa mudança está alimentando a expansão de um novo segmento: os residenciais voltados exclusivamente para […]

Continuar lendo
Crescimento populacional impulsiona mercado de residenciais para idosos no Brasil

Incorporação modular: inovação que une velocidade e qualidade no setor imobiliário

A busca por eficiência e inovação tem transformado o setor imobiliário, que enfrenta a pressão de reduzir custos, encurtar prazos e entregar produtos de alta qualidade e nesse contexto, a incorporação modular surge como uma solução estratégica, combinando tecnologia construtiva e novos modelos de negócio. O método permite otimizar processos, aumentar a previsibilidade de resultados […]

Continuar lendo
Incorporação modular: inovação que une velocidade e qualidade no setor imobiliário

Sorocaba: a nova fronteira do mercado imobiliário paulista

O mercado imobiliário do interior paulista vive um momento de forte valorização, e Sorocaba desponta como protagonista. A cidade, que fica a apenas duas horas da capital, combina infraestrutura de metrópole com qualidade de vida, atraindo tanto moradores quanto investidores. Prova disso é que Sorocaba foi a única fora das capitais a figurar entre os […]

Continuar lendo
Sorocaba: a nova fronteira do mercado imobiliário paulista

Crise imobiliária da China: o colapso da Evergrande e o impacto global da turbulência no mercado imobiliário

Nos últimos anos, a China tem enfrentado uma das maiores turbulências econômicas de sua história recente: a crise do setor imobiliário, e um exemplo disso foi o colapso da Evergrande. A incorporadora já foi símbolo do crescimento chinês e que hoje representa um dos maiores fracassos corporativos do planeta. O caso ilustra não apenas a […]

Continuar lendo
Crise imobiliária da China: o colapso da Evergrande e o impacto global da turbulência no mercado imobiliário

Intenção de compra de imóveis cai ao menor nível desde 2019 em meio à escassez de crédito

Apesar do bom momento dos últimos anos, a intenção de compra de imóveis é a menor do Brasil desde 2025. De acordo com a pesquisa Raio X FipeZAP referente ao segundo trimestre, apenas 33% dos entrevistados manifestaram intenção de comprar uma casa ou apartamento nos próximos três meses. Esse índice já havia sido de 35% […]

Continuar lendo
Intenção de compra de imóveis cai ao menor nível desde 2019 em meio à escassez de crédito

Mercado imobiliário têm recorde de lançamentos no 1º semestre de 2025, mas estoques diminuem e vendas se estabilizam

O mercado imobiliário brasileiro registrou um marco histórico no primeiro semestre de 2025. De acordo com a pesquisa Indicadores Imobiliários Nacionais, divulgada pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o volume de lançamentos cresceu 6,8% em comparação com o mesmo período de 2024, totalizando 186,5 mil novas unidades, o melhor resultado desde o início […]

Continuar lendo
Mercado imobiliário têm recorde de lançamentos no 1º semestre de 2025, mas estoques diminuem e vendas se estabilizam

Tokenização imobiliária no Brasil é regulamentada com nova norma do COFECI

O Conselho Federal de Corretores de Imóveis (COFECI) publicou no dia 14 de agosto de 2025 a Resolução nº 1.551, estabelecendo pela primeira vez um marco regulatório completo para a tokenização imobiliária no Brasil. A normativa institui o Sistema de Transações Imobiliárias Digitais (STID) como reguladora integral dos chamados Tokens Imobiliários Digitais (TIDs) e suas plataformas […]

Continuar lendo
Tokenização imobiliária no Brasil é regulamentada com nova norma do COFECI

Galpões logísticos: o novo queridinho do mercado imobiliário

Os galpões logísticos vêm ganhando espaço e protagonismo no cenário imobiliário do Brasil, impulsionados principalmente pela transformação do varejo e a crescente digitalização do consumo. Nos últimos três anos, o segmento apresentou um crescimento de 25% na região, segundo relatório da JLL, destacando-se como um dos ativos mais promissores para investidores e empresas. A pandemia […]

Continuar lendo
Galpões logísticos: o novo queridinho do mercado imobiliário

Setor imobiliário lidera a reabilitação de áreas contaminadas em São Paulo

A reabilitação de áreas contaminadas tem ganhado protagonismo no setor imobiliário de São Paulo, impulsionada pelo uso de ciência, tecnologia e soluções sustentáveis. O mercado tem assumido papel estratégico na recuperação de terrenos degradados, transformando passivos ambientais em ativos urbanos com valor social, ambiental e econômico. Essa atuação não apenas contribui para a revitalização da […]

Continuar lendo
Setor imobiliário lidera a reabilitação de áreas contaminadas em São Paulo

Onde o mercado imobiliário está em alta? Confira o ranking das cidades com maior demanda segundo o novo IDI Brasil

O ranking mercado imobiliário Brasil, divulgado em julho de 2025, revela quais cidades brasileiras estão com a maior procura por imóveis residenciais, segundo a 4ª edição do IDI (Índice de Demanda Imobiliária). Com um cenário de estabilização da Selic e otimismo no setor da construção civil, o estudo analisa 77 municípios com forte potencial para […]

Continuar lendo
Onde o mercado imobiliário está em alta? Confira o ranking das cidades com maior demanda segundo o novo IDI Brasil
Mais notícias de Mercado Imobiliário