Fundos de Investimento Imobiliário ganham força e se tornam os principais compradores do mercado nacional
Fundos de investimento imobiliário ganham força no mercado imobiliário em 2025 e se tornam líderes nas grandes compras do setor.
Nos últimos anos, os Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs) deixaram de ser apenas veículos de renda recorrente para investidores e assumiram um papel de protagonismo nas compras de imóveis comerciais de grande porte.
Antes, transações bilionárias eram exclusivas de grandes players estrangeiros ou de conglomerados com enorme capacidade financeira.
Agora, os FIIs passaram a ocupar esse espaço, movimentando portfólios inteiros e dando novo ritmo ao setor imobiliário brasileiro.
Esse avanço reflete uma combinação de fatores: amadurecimento da indústria, capilaridade dos investidores pessoa física, maior profissionalização da gestão dos fundos e um cenário de juros mais estáveis do que nos últimos anos.
Juntos, esses elementos criam um ambiente favorável para aquisições de maior escala, algo cada vez mais comum no mercado.
O ciclo virtuoso que impulsiona o crescimento dos FIIs
O comportamento dos fundos de investimento imobiliário tem sido comparado ao de mercados mais maduros, como Estados Unidos e Europa, onde os REITs (equivalentes aos FIIs brasileiros) já são protagonistas há décadas.
No Brasil, este movimento começa a se consolidar:
Quanto mais fundos surgem, maior é a diversidade de estratégias.
Com uma diversificação, maior é o apetite por ativos de diferentes perfis (corporativos, logísticos, shoppings, lajes, galpões, educação, saúde).
Quanto maior o apetite, mais captações acontecem no mercado.
Quanto mais captação, maior é a capacidade de compra e de assumir operações bilionárias.
Esse ciclo cria uma cadeia de fortalecimento contínuo, que impulsiona tanto a liquidez quanto a relevância da indústria de fundos no país.
Por que os investidores estrangeiros recuaram, e os FIIs avançaram
Historicamente, muitos dos grandes produtos imobiliários brasileiros eram adquiridos por grupos internacionais.
Mas fatores como câmbio volátil, juros dos EUA em alta (que remuneram melhor sem risco) e incertezas macroeconômicas internas fizeram esse capital reduzir participação.
Esse movimento abriu espaço para um “novo comprador natural”: o FII.
Além disso:
FIIs conseguem comprar ativos complexos sem necessidade de consórcios com dezenas de investidores.
A governança dos fundos traz segurança jurídica ao processo.
A liquidez gerada pela negociação na bolsa reduz o risco para quem investe.
Com isso, o mercado imobiliário encontrou nos fundos um comprador sólido, preparado e com visão de longo prazo.
Incorporadoras veem os FIIs como parceiros estratégicos
Até pouco tempo atrás, incorporadoras entendiam os fundos como compradores secundários, bons para adquirir ativos estabilizados, mas não para participar de projetos desde o início.
Agora, a percepção mudou.
Para as incorporadoras, os FIIs se tornaram uma alternativa robusta para:
Financiar fases iniciais de empreendimentos;
Garantir compra parcial ou total de ativos antes da conclusão;
Dar previsibilidade de receita;
Facilitar vendas de portfólios dentro de estratégias de rotação de ativos.
Além disso, ao vender para um FII bem estruturado, a incorporadora evita processos longos de negociação com dezenas de interessados, o que reduz tempo, custos e riscos.
Quais setores mais crescem dentro dos fundos
O mercado imobiliário brasileiro experimenta transformações profundas, e essas mudanças se refletem nas teses dos fundos:
Lajes corporativas
Após períodos de vacância elevada, começam a se recuperar gradualmente. FIIs encontram oportunidades com preços atrativos.
Logística e galpões
Continuam entre os queridinhos do mercado. A expansão do e-commerce mantém demanda aquecida.
Shoppings centers
Passado o período crítico pós-pandemia, voltaram a registrar aumento de fluxo e faturamento.
Educação e saúde
Setores anticíclicos, que atraem fundos que buscam estabilidade e crescimento contínuo.
Renda residencial
O Brasil amadurece no conceito de “multifamily”, prédios inteiros destinados exclusivamente ao aluguel, um segmento que deve crescer muito nos próximos anos.
Como o protagonismo dos FIIs afeta os preços dos imóveis
Com a maior participação dos FIIs, o setor imobiliário tende a:
Ter mais liquidez nas negociações;
Ganhar valuation mais consistente;
Reduzir a volatilidade em preços de ativos comerciais;
Incentivar entregas de projetos mais modernos, eficientes e sustentáveis.
Isso acontece porque fundos exigem padrões elevados de qualidade e governança, forçando incorporadoras a elevar o nível técnico dos empreendimentos.
Crescimento da base de investidores também impulsiona o setor
Outro fenômeno que explica o avanço dos FIIs é o aumento massivo de investidores pessoa física na bolsa.
Com juros oscilando e busca por renda passiva crescendo, o perfil do investidor brasileiro mudou.
Hoje, milhões de pessoas aplicam em fundos imobiliários buscando:
Dividendos mensais;
Volatilidade menor que a de ações;
Proteção contra inflação;
Um caminho simples para investir em imóveis sem comprar um imóvel físico.
Essa base gigantesca dá aos FIIs o poder de movimentar bilhões em captações, impulsionando ainda mais a aquisição de grandes portfólios.
Desafios que ainda limitam o setor
Apesar do crescimento, alguns obstáculos permanecem:
Volatilidade de curto prazo devido à oscilação da taxa Selic;
Excesso de fundos com estratégias muito parecidas;
Riscos relacionados a vacância e renegociações de contratos;
Necessidade de maior expansão do mercado secundário para negociações mais fluídas.
Mesmo assim, especialistas apontam que a tendência é clara: os FIIs já são protagonistas, e devem se consolidar ainda mais nos próximos anos.
O que esperar para os próximos ciclos
Com o fortalecimento da indústria e o aumento da sofisticação dos gestores, o Brasil deve caminhar para um cenário onde:
Mais fundos de investimento imobiliário “multiestratégia” ganham força;
Estruturas semelhantes aos REITs americanos se tornem mais populares;
Investidores institucionais aumentem participação;
Mais ativos sejam desenvolvidos especificamente para serem vendidos a fundos.
Isso representa um salto de maturidade para todo o mercado imobiliário brasileiro.
