Crise dos semicondutores: China retoma venda de chips para montadoras brasileiras
China retoma venda de chips e ajuda a conter a crise dos semicondutores, reduzindo o risco de paralisação das montadoras brasileiras.
Fonte: FreepikA indústria automotiva brasileira começa a respirar aliviada depois de quase passar por uma grande crise de semicondutores.
Após semanas de tensão por causa da interrupção no fornecimento de semicondutores, a China iniciou a retomada gradual da exportação de chips para o Brasil, informou a Anfavea.
Segundo o presidente da entidade, Igor Calvet, o governo chinês começou a autorizar novamente a importação dos componentes essenciais para a produção de veículos.
Com isso, o risco de paralisações nas linhas de montagem no país foram reduzidos.
Crise começou após disputa entre Holanda e China
A preocupação com uma crise de semicondutores surgiu em outubro, quando o governo da Holanda assumiu o controle da Nexperia, uma das maiores fabricantes de chips para carros do mundo e subsidiária da empresa chinesa Wingtech.
Em resposta, a China bloqueou temporariamente as exportações de chips da Nexperia, o que causou um efeito imediato na cadeia global de autopeças, inclusive no Brasil.
Diversas montadoras começaram a projetar atrasos na produção e até a possibilidade de suspensão temporária de fábricas caso o impasse persistisse.
Ação diplomática evitou agravamento
No início de novembro, o vice-presidente Geraldo Alckmin confirmou que o embaixador chinês havia sinalizado a reabertura dos canais de diálogo com o governo brasileiro.
A medida visava evitar o desabastecimento de semicondutores usados na produção de veículos.
“Seguindo as orientações do presidente Lula, vamos manter o diálogo com nossos parceiros para gerar emprego, renda e oportunidades compartilhadas”, declarou Alckmin, também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, em publicação na rede social X.
Anfavea comemora retomada e diálogo com Pequim
Em comunicado oficial, a Anfavea destacou que o governo chinês se mostrou disposto a conceder autorizações especiais de exportação às empresas brasileiras que enfrentam dificuldades para importar os chips.
Segundo a entidade, essa decisão abre caminho para encerrar o embargo temporário da Nexperia, o que evitará um possível desabastecimento de autopeças e a paralisação das linhas de produção no país.
A medida representa um avanço importante para garantir a continuidade da produção e preservar empregos em toda a cadeia automotiva”, afirmou a associação.
Situação ainda exige cautela
Apesar da melhora, Calvet ressalta que a situação ainda não está completamente normalizada.
“Dois fatores contribuíram para a melhora: a liberação da importação de chips para empresas que atuam no Brasil e têm fábricas na China, e a licença especial concedida pelo governo chinês a companhias brasileiras”, explicou o executivo.
Ele reforçou, no entanto, que qualquer nova interrupção nas importações poderia voltar a comprometer a produção nacional.
“Se não houver novos bloqueios, nossa indústria tende a manter o ritmo atual sem ser afetada”, afirmou.
Chips: o “coração” dos carros modernos
Os semicondutores ( também chamados de chips) são componentes indispensáveis para o funcionamento dos veículos modernos.
Eles controlam desde sistemas de injeção eletrônica e freios ABS até painéis digitais e sensores de segurança.
A falta desses itens pode interromper completamente a montagem dos automóveis, como ocorreu durante a pandemia, quando várias fábricas no Brasil e no mundo precisaram suspender operações.
Com a retomada gradual das exportações pela China, o setor automotivo brasileiro ganha fôlego para manter o ritmo de produção e atender à demanda crescente observada em 2025.
